por Adriano Brandão
Hoje estamos estreando uma seção nova nesta Ilha: A QUARTA DO GRANDE CARVALHO.
Explico :) Todas as obras que apresentamos aqui são sensacionais, é claro! Mas tem algumas que são AINDA MAIS incríveis e importantes, que todos os seres do universo devem conhecer. Assim como acontece com o GRANDE CARVALHO, sua magnitude e imponência as coloca acima de todas as outras árvores, digo, obras.
Por isso o governo cá da Ilha passou a expedir o SELO DE EXCELÊNCIA DO GRANDE CARVALHO, homenageando obras fundamentais da história da música todas as quartas-feiras.
É basicamente isso ;-)
E, obviamente, começo com o meu compositor favorito, Johannes Brahms. Nosso querido Barba compôs quatro sinfonias, todas impressionantes. Mas é a Quarta, de 1885, que conquistou um lugar especial no coração do público. Merecidíssimo!
Como já comentei antes, Brahms é o compositor que alia altíssima intensidade emocional a controle absoluto da forma. À distância, suas obras podem parecer secas, formalistas, quadradas. Mas não é nada disso. Sob essa arquitetura perfeita há o velho e bom romantismo oitocentista, fervilhente de emoções.
A Quarta Sinfonia resume isso com exatidão. A descrição: sinfonia nos quatro movimentos clássicos, formas compactas, tom geral outonal e um finale que é uma passacaglia sobre um tema de Bach. Sem escutar, imagina-se um exercício acadêmico. RÁ, ao contrário! Logo nos primeiros compassos, o tema inicial hesitante, instável, já entrega que estamos iniciando uma experiência muito especial. Esse tema vai-se transformando, tornando-se cada vez mais intenso e decidido, até fechar em tom épico.
Inesquecível, mas ainda tem muito mais! O segundo movimento é um andante arcaizante, uma espécie de marcha lenta de sabor meio modal, de cores muito interessantes. Maravilhoso. Segue-se o scherzo, que não tem esse nome nem tem a forma ternária característica, mas conserva o espírito mais leve e agitado.
(Olha só: é o único movimento “scherzante” das sinfonias de Brahms. Todas as outras optaram por andamentos moderados, em estilo “intermezzo”, para fazerem a ligação entre os movimentos lentos e os finales.)
AH, O FINALE! Se segura na poltrona, ô psit! Trata-se de uma imensa passacaglia sobre o tema do final da Cantata BWV. 150 de Bach. Brahms pega o motivo bachiano, coloca-o no baixo, e cria sobre ele 30 variações dos mais diversos tipos, concluindo com uma coda monumental.
Nem tenho mais o que falar. É tão incrível que me calo e passo a bola para Carlos Kleiber, no lendário vídeo abaixo (nos comentários). Kleiber era tão bom regente, e gravou tão pouco, que todos o registros que temos dele são tesouros preciosos. Pra mim é sem discussão: é de Kleiber a melhor Quarta de Brahms.
Obra e execução merecem nosso selo – são mesmo do GRANDE CARVALHO! \o/
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Post escrito por Adriano Brandão em 17/10/2012. Link permanente.