por Adriano Brandão
Interessante ver como, tirando países centrais como Alemanha, Itália e França, na maioria das vezes reduzimos a produção de toda uma cultura a poucos autores, em geral um para cada época.
No caso da Dinamarca, sem dúvida o criador musical mais conhecido é Carl Nielsen. Mas ele teve antecedentes e descendentes. Vários, aliás, mas apenas dois ainda são lembrados: o romântico Niels Gade, amigo de Mendelssohn, e Vagn Holmboe, um autor totalmente pertencente ao século 20, contemporâneo exato de compositores como Camargo Guarnieri e Aaron Copland.
A obra de Holmboe é fascinante. De estilo firmemente neoclássico mas muito pessoal, Holmboe ficou conhecido por suas treze excepcionais sinfonias, mais uma série grande de sinfonias e concertos de câmara, todos muito originais.
A carreira sinfônica de Holmboe começa propriamente na Segunda Sinfonia, uma obra vigorosa, realmente impressionante. Escrita para um concurso, definiu a linha básica de toda a sua produção madura: três movimentos, formas muito claras, harmonias bastante sequinhas e diretas, ritmos vigorosos e melodias curtas e marcantes.
Esse estilo atingiu seu ápice na Quinta Sinfonia, de 1944, para mim a melhor de sua produção sinfônica. Dividida em três movimentos bastante contrastantes, ela é repleta de momentos memoráveis. O primeiro é uma forma-sonata clássica, toda baseada em um tema que curiosamente tem algo que me lembra “Caravan” – sim, o standard de jazz imortalizado por Duke Ellington.
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A música é toda aspereza e potência. O segundo movimento continua nesse clima agreste – é uma espécie de marcha lenta, com uma harmonia muito original. O finale contrastante começa a todo vapor, com figurações rápidas nas cordas que criam um clima mecânico, repleto de um “motorismo” muito típico da música da época.
A sinfonia é muito boa, provavelmente até melhor que a maioria da produção neoclássica dos anos 1940! Se você curte Martinu, Camargo Guarnieri, Harris ou mesmo autores mais antigos como Roussel, Honegger e Hindemith, vai gostar muito de Holmboe. Eu agarântcho! \o/
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Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!Post escrito por Adriano Brandão em 29/11/2012. Link permanente.