Bartók

Quarteto de cordas no. 4

por Adriano Brandão

Respira fundo! Lá vem uma das maiores obras-primas da música do século 20: o Quarteto de cordas no. 4 de Béla Bartók. (Vou respirar fundo também, porque escrever sobre essa música não é nada fácil!)

Bartók compôs seis quartetos de cordas que se transformaram em partes fundamentais do repertório de câmara (não só do século 20, mas de todos os tempos). É quase lugar-comum comparar os quartetos de Bartók com os quartetos de Beethoven. O fato é que são, como as obras do alemão, peças complexas, muito profundas e recheadas de inovações.

Dos seis, o meu favorito é o quarto, composto em 1928, uma das fases mais interessantes da carreira de Bartók. São obras irmãs os dois primeiros concertos para piano e orquestra, a Sonata para piano e a “Cantata profana”. Todas elas (principalmente o Concerto para piano no. 1) compartilham com o Quarteto no. 4 uma agressividade realmente impressionante. São obras que mexem com o ouvinte!

O Quarteto no. 4 é estruturado da típica maneira bartokiana: cinco movimentos concêntricos, rápido-scherzo-lento-scherzo-rápido. Ambos os scherzos apresentam novidades de execução. O primeiro é todo tocado com surdinas nos instrumentos (o som fica mais velado). E o segundo é inteiro em pizzicato (cordas pinçadas, como se fossem violões).

O primeiro movimento é admirável pela linguagem melódica angulosa, totalmente diferente. O tema principal parece um não-tema, na medida em que ele não se resolve da maneira como o nosso ouvido está acostumado. A sensação, atordoante, é de “abstração” – isso, mais a incrível tensão e violência do desenvolvimento, tornam o movimento um Pollock feito em música.

O terceiro andamento é uma clássica música noturna bartokiana, muito expressiva. E o finale é de arrancar o telhado da casa: Bartók aqui retorna ao clima violento do primeiro movimento, acrescentando à linguagem áspera (e aos temas emprestados) do allegro inicial um tempero folclórico. O movimento começa como se fosse um alarme disparando. Imagino a reação da audiência na estreia!

O que eu digo: metaleiros, seus maricas, podem comer morcegos vivos no palco e o que mais vocês quiserem, pois não vai adiantar – perto deste Bartók aqui vocês são noviças! O QUARTETO NO. 4 DE BARTÓK É DO GRANDE, IMENSO, GIGANTESCO CARVALHO E TENHO DITO! FUCK YEAH! \m/

Ver a peça é muito interessante, e este jovem quarteto com nome de sopa que encontrei no YouTube toca horrores. Impressionante!

Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 20/02/2013. Link permanente.