Beethoven

Sonata para piano no. 21, “Waldstein”

por Adriano Brandão

Duas listas básicas que você precisa saber para ganhar diploma de beethoveniano:

. Os cânones principais: 9 sinfonias, 16 quartetos de cordas e 32 sonatas para piano;
. As três fases estilísticas: inicial (antes de perceber que estava irremediavelmente surdo), intemediária (a maturidade criativa) e final (o Beethoven visionário).

Pronto! PhD! ;-)

Falando sério agora: puxa, sério que nunca falei das sonatas de Beethoven cá na Ilha? 2 concertos, 2 sinfonias, 2 quartetos… e nada de sonata? Vamos resolver isso hoje então: preparem os ouvidos para a que é, provavelmente, a mais importante sonata do período intermediário, a Sonata no. 21, dita “Waldstein”.

Quando conversamos sobre a Terceira Sinfonia, a “Eroica”, comentei o episódio de Heiligenstadt, quando Beethoven encarou a dura missão de ser um compositor surdo para dedicar sua arte à posteridade, à toda humanidade. Desde então sua música mudou. Deixou mais tênues as ligações com a música de Haydn e Mozart, até então bastante fortes, e passou a cultivar um estilo mais heróico, monumental, épico, dramático, grandioso (cacete, quantos adjetivos!).

É só comparar a ensolarada Segunda Sinfonia com a tensa “Eroica”, que parece tentar resolver todos os males do universo. Em sua fase intermediária, Beethoven fala sempre de GRANDES temas. O pequeno, o doméstico, quase não tem mais vez. Beethoven só iria ficar mais intimista no final da vida.

Quase todas as obras mais célebres de Beethoven pertencem ao seu estilo intemediário. As sinfonias da 3 a 8, todos os concertos (à exceção dos dois primeiros para piano), as duas últimas sonatas para violino (incluindo a “Kreutzer”), os três quartetos de cordas “Razumovsky”, mais os quartetos “Harpa” e “Serioso”, a ópera “Fidelio”, os trios para piano “Fantasma” e “Arquiduque”… quer dizer, é muita música.

Além disso, três da sonatas para piano mais famosas (e com apelidos) de Beethoven são dessa fase: a “Appassionata”, a “Les adieux” e essa “Waldstein”, de 1804. Este apelido vem diretamente da dedicação da obra ao Conde Ferdinand Waldstein, um dos nobres que patrocinavam Beethoven à época. (Na França e na Itália, e mesmo em muitos livros de referência em português, a sonata recebe o curioso apelido alternativo de “Aurora”. Enfim.)

A característica mais marcante da “Waldstein” é o curtíssimo movimento lento, que na verdade é uma introdução ao final. Pois que Beethoven não tinha planejado a obra com um miolo tão enigmático. Ele chegou a escrever um movimento lento bem desenvolvido e só depois da sonata pronta resolveu trocá-lo por essa introduçãozinha curta. (O original acabou ganhando vida própria como o “Andante favori”.)

Claro que Beethoven estava certo: com essa pontezinha no lugar do movimento lento, o dramatismo do primeiro movimento fica acumulado para o finale, que, aí sim, fica com a missão de aliviar a tensão e terminar a peça de modo triunfal.

Gentes, o que mais dizer? É BEETHOVEN, então clica logo :)

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Post escrito por Adriano Brandão em 04/01/2013. Link permanente.