Brahms

Sexteto de cordas no. 1

por Adriano Brandão

Ah, o jovem Brahms!

Geralmente associamos a música de Johannes Brahms à sua imagem de patriarca severo, incréu e rude, com aquela barba imensa sobre a pança e apego incomum à perfeição formal e à economia de meios.

Mas esse julgamento, se não é de todo errado para o Brahms tardio, exclui totalmente uma faceta menos conhecida e muito importante de sua produção: sua obra de juventude. Quando moço, Brahms era um vulcão de paixão e imaginação romântica. Ele chegou a assinar obras com o pseudônimo de “Kreisler Jr”, evocando o personagem de E.T.A. Hoffmann – quer dizer, mais romântico que isso, impossível!

Como eu já disse aqui, toda a obra de Brahms esconde uma intensa emoção, mas o que faltou dizer é que durante um bom tempo essa emoção manteve-se à mostra, totalmente exposta. A música do jovem Brahms PEGA FOGO sem nenhum pudor – acho mesmo que é das mais intensas que já foram compostas. Brahms, frio e formal? Você tá maluco…!

Dou exemplos: o Trio para piano e cordas no. 1. A Sonata para piano no. 3. As Baladas para piano, op. 10. O Concerto para piano e orquestra no. 1. E minha obra de juventude predileta: o Sexteto de cordas no. 1, composto em 1860. Brahms tinha 27 anos e era romântico até a ponta da unha do dedão do pé!

O sexteto (formação clássica: dois violinos, duas violas e dois violoncelos) começa nas nuvens, com um tema absolutamente arrebatador no violoncelo, explorado a seguir pelos violinos e por todo o conjunto. O longo e espaçoso primeiro movimento desenvolve um clima meio pastoral, e chega a quantidades inéditas de ARREPIOS – o que é aquele segundo tema do violoncelo (exposto mais ou menos por volta dos 2:30)? PUTA MERDA. Peraí que vou cortar ambos os pulsos e já volto!

O segundo movimento é LENDÁRIO: um tema-e-variações a partir de um motivo em ritmo binário (pense numa espécie de marcha lenta), de sabor arcaizante. É de uma fantasia tão transbordante que é até difícil de descrever. O scherzo alivia um tanto as tensões, com um trio saltitante. E o finale retoma o clima do primeiro movimento (inclusive com temática bem similar), mas numa temperatura emocional já bem mais morna. Ufa ufa!

Gentes, o negócio é fazer o seguinte: separem os lenços – boa quantidade – e APERTEM LOGO ESSE PLAY! ;-)

Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 29/01/2013. Link permanente.