Franck

Sinfonia em ré menor

por Adriano Brandão

AHÁ! Mais um capítulo da nossa já mui célebre série das segundas-feiras, “História e glória da sinfonia romântica francesa, de Gounod a Dukas (ou) O incrível caso das sinfonias gêmeas”. Fujam para as montanhas! /o\

Hoje, como prometido, daaah dah daaaaah… daaah dah daaaaah… :) Os entendedores já entenderam: vamos falar da Sinfonia em ré menor, do belga César Franck. Belga? Sim, mas não vale: Franck estudou, trabalhou e viveu praticamente toda a vida em Paris. Sua sinfonia continua francesa ;-)

A Sinfonia de Franck (que tradicionalmente é chamada de “Sinfonia em ré menor” apesar de ser a única do compositor. Go figure!) foi composta em 1888, no rastro do sucesso das sinfonias de Saint-Saëns e d’Indy. Estreou no ano seguinte. Franck morreria pouco tempo depois.

A sinfonia segue a cartilha da forma cíclica, mas com um twist. O tema básico é realmente o “daaah dah daaaah” tão parecido com o início de “Os prelúdios” de Liszt. Mas no segundo movimento surgem outros temas que se tornarão também relevantes. Aliás, esse andamento traz um monte de novidades. Ele não só carrega DENTRO de si uma espécie de scherzo central, como o faz soar SIMULTANEAMENTE com o andante: a recapitulação é lenta e rápida ao mesmo tempo. É muito engenhoso! O finale, claro, recapitula todos esses temas, reafirmando a supremacia do “daaah dah daaah”.

A obra foi alvo de super controvérsia no meio musical parisiense. A crítica concentrou-se, entre outros detalhes, no solo de corne inglês do (maravilhoso) movimento lento. Seria um instrumento indigno de uma sinfonia? Cáspita! Poderiam ter criticado várias outras coisas, como a orquestração ultra-hiper-mega-giga-pesada. Não, escolheram malhar o pobre corne inglês…

Alvo de críticas ou não, a Sinfonia de Franck provou-se incrivelmente influente, mais ainda que suas antecessoras. Gerou duas lindas sinfonias GÊMEAS e, ao contrário da obra de d’Indy, jamais saiu do repertório. É sim uma peça bonita e emocionante, parte importante da história da música, que todos devem conhecer.

[O video abaixo traz Leonard Bernstein e seus tempos bastante lentos, mas que conseguem fazer trechos de orquestração muito espessa soarem bonitos. Vale ver!]

Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 15/10/2012. Link permanente.