Schumann

Concerto para violoncelo

por Adriano Brandão

Já conversamos algumas vezes sobre a seleção dos grandes concertos para violino do repertório: Beethoven, Mendelssohn, Brahms, Tchaikovsky e Sibelius. O violino é o FODÃO dos solistas, junto com o piano, mas existem outras seleções também, é claro!

Por exemplo, a do violoncelo. E sabe o que é mais curioso? Nenhum dos selecionados do violino compuseram concertos para violoncelo (Brahms foi o que chegou mais perto, com seu Concerto duplo). Me ajudem na seleção celística: Schumann, Saint-Saëns 1, Dvorák, Elgar e Shostakovich 1. Esqueci algum?

É fácil ver na lista acima que o violoncelo demorou para se impor como instrumento solista. Foi realmente só a partir do romantismo que ele começou a ganhar repertório, com exceção talvez dos concertos de Haydn. E o primeiro concerto para violoncelo a se tornar célebre foi o concerto de Robert Schumann, composto em 1850.

Schumann dedicou a maior parte da carreira à música para piano. Imaginou ser pianista, mas um esquisito acidente com seus dedos, provavelmente sequela indireta de sífilis, interrompeu suas pretensões. Azar dele, sorte nossa: o mundo ganhou um dos maiores compositores da história.

Depois de casar – uma história muito complicada e longa -, Schumann começou a tentar outros gêneros. Começou com canções (das mais belas do romantismo), passou pela música de câmara e chegou à música sinfônica. Compôs quatro sinfonias, todas partes importantes do repertório, um maravilhoso Concerto para piano, um Concerto para violino bastante problemático e este Concerto para violoncelo muito pioneiro.

Em três movimentos tocados sem interrupção, o concerto tem um tom outonal, semi-melancólico, bastante evidente e que casa muito bem com o próprio som do violoncelo (e com a orquestração meio opaca típica de Schumann). A obra começa com um tema incrível, muito bonito e plenamente desenvolvido pelo solista, antes da orquestra o tomar. O primeiro movimento, bastante longo, é sucedido por um adagio muito curto e lírico e, em seguida, por um rondó mais vivo, anunciado pelo retorno do tema principal do início do concerto. Antes da coda final, uma cadência acompanhada, escrita, muito eloquente.

A música orquestral de Schumann é controversa. A instrumentação pesada é uma questão óbvia, e o relativo conservadorismo da forma é desapontador para alguns, principalmente se pensarmos em peças para piano como a Fantasia em dó maior. Mas a sua música atinge tal nível de emoção e intensidade que é impossível ficar alheio a ela. Fala mais à alma que aos ouvidos – é maravilhoso demais.

Curta! E bom fim-de-semana!

[Abaixo, vídeo histórico de Pierre Fournier e Jean Martinon. Obrigado, YouTube!]

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Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 01/12/2012. Link permanente.