Villa-Lobos

“Bachianas brasileiras” no. 2

por Adriano Brandão

Você decide!

Não :-/

Escrevo este post ainda na quinta-feira para que você o leia na manhã de sexta. É que estarei (ops, para você que me lê, já estou. confuso escrever para o futuro!) no Rio de Janeiro – a trabalho, puxa – e não vou conseguir acompanhar o resultado da enquete e postar de acordo.

Mas, em homenagem à Cidade Maravilhosa, deixo com vocês uma obra maravilhosíssima de um compositor carioca mais maravilhoso ainda: a “Bachianas brasileiras” no. 2 de Heitor Villa-Lobos \o/

Como já comentei, as “Bachianas” são suítes nas quais Villa-Lobos engenhosamente une a linguagem barroca à música brasileira. Villa compôs 9 delas, para formações diversas, entre 1930 e 1945. A de número 2 é para orquestra reduzida, com percussão típica, e foi escrita em 1930. Ela introduz na série o esquema de quatro movimentos que seria seguido à risca até a Oitava, com exceção da curta e inusitada Sexta (para flauta e fagote).

Os movimentos das “Bachianas” explicitam a ligação entre o “bachiano” e o “brasileiro”. Nesta Segunda encontra-se o trecho isolado mais famoso de Villa-Lobos: o finale, dito “O trenzinho do caipira”, uma descrição mega exata de uma maria-fumaça passando pelo interior do Brasil.

Até esse final alegre e virtuosístico (embora docemente nostálgico), a “Bachianas” no. 2 é uma obra um tanto reflexiva. Os dois movimentos iniciais começam lentos e melancólicos e desenvolvem mais fortemente a imitação do estilo barroco. Trechos mais agitados se alternam, e daí eles trazem à tona o lado brasileiro.

Gosto de usar o segundo movimento como exemplo, dito “O canto de nossa terra” (ou “Ária”). Após uma solene introdução lenta, perfeitamente bachiana, o piano cria um ritmo sincopado sobre o qual o saxofone começa a cantar. A associação é incrível e óbvia: é um ponto de umbanda! Passei anos ouvindo a peça sem entender. Depois que saquei, a sensação só se intensificou: é lindo demais, arrepiante.

O terceiro movimento, rápido, já começa tipicamente villalobiano, com um solo incrível de… trombone! A orquestração de Villa-Lobos é endoidecedora. É legal demais, e prepara perfeitamente o terreno para o famoso “Trenzinho” e seus guinchos.

OBRIGATÓRIO! Se você, brasileiro desta varonil pátria verdeamarela, não conhece essa música de cor e salteado, shame on you! Puna-se com uma hora de concertos de Paganini e depois limpe seus ouvidos, sua mente, sua alma com este Villa-Lobos mais que sensacional. JÁ! :-D

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Post escrito por Adriano Brandão em 23/11/2012. Link permanente.