por Adriano Brandão
Manja Strauss? O rei da valsa?
Não! Quero falar hoje de Richard Strauss, o compositor alemão da virada do século 19 para o 20. Esse camarada é dono de um dos estilos mais marcantes da história da música. Você escuta 250 milissegundos de uma obra qualquer dele e já sabe, imediatamente: é Strauss! O cabra tinha personalidade.
Um fato curioso da carreira de Strauss é que ele era um compositor mais interessante, mais ousado e mais original quando jovem. Com o tempo, com sua consolidação como “músico número um da Alemanha” (apud STRAUSS, Richard), sua música vai ficando menos relevante e mais engessada. (Mesmo assim compõe obras lindíssimas como o Concertino para fagote e clarinete, as “Quatro últimas canções” e “Metamorfoses”.)
Meu fascínio straussiano é portanto mais focado em suas obras de juventude, mais ou menos até a ópera “Elektra” (1909). A maioria de sua produção pré-ópera é dedicada ao poema sinfônico, gênero inventado por Liszt uns 60 anos antes. Dá para dizer, sem muito medo de errar, que os poemas sinfônicos de Strauss são os maiores do repertório.
E meu poema sinfônico predileto é este “Don Juan” que apresento hoje. É o segundo de Strauss, de 1888. QUE MÚSICA! “Don Juan” é uma espécie de obra perfeita: cheia de viço e vigor, é uma explosão de inspiração e beleza para todos os lados. Os temas são tão lindos que, ao escutar, dá vontade de cantar junto, berrar de alegria, arrancar os cabelos, sair correndo e… melhor parar :)
E a orquestração? PUQUELOSPARULA! O grande regente Georg Solti dizia, com exagero e tudo, que até uma orquestra muito ruim soa maravilhosamente bem em Strauss. Olha…
Poemas sinfônicos contam uma história e este “Don Juan” narra o mito do Don Juan de acordo com o poema de Nikolaus Lenau. Não é tão difícil de acompanhar: são descritas, em sequência, as diversas amantes de Don Juan e suas personalidades. O tema principal representa o próprio Don. Ele vai se transformando, vai ficando mais fraco, até a derrocada final.
Amigos, É DO GRANDE CARVALHO! Ouçam, ouçam! Uma, duas, três, quatro vezes, até gastar o mouse!
[O vídeo abaixo traz Herbert von Karajan no que ele tinha de melhor. Não me canso de ouvir Karajan regendo “Don Juan”. Este vídeo é curioso pois, se a parte musical é sensacional, sua fotografia envelheceu horrendamente. O que são essas tomadas claustrofóbicas? A orquestra parece uma feira livre! A direção bizarra acaba sendo divertida. É tão ruim que fica bom :)]
Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!Post escrito por Adriano Brandão em 09/10/2012. Link permanente.