Beethoven

Quarteto de cordas no. 14

por Adriano Brandão

Já falamos de Beethoven aqui na Ilha?

NÃO?

Puxa vida. Creio mesmo que, como diz a escritora francesa Brigitte Massin, apesar de existir muita gente com afinidades bachianas ou wagnerianas ou mozartianas, o compositor que fala mais plenamente para o ser humano enquanto coletivo – a Humanidade com agá maiúsculo – é Beethoven.

Por isso não tenho muito receio de afirmar: Beethoven foi o maior músico de todos os tempos, o que melhor representa os anseios e as necessidades do homem pós-Revolução Francesa (nós, portanto). Democracia, humanismo, liberdade de pensamento, igualdade, justiça. O porta-voz musical da modernidade mental, por excelência, é Beethoven.

Escolher uma obra de Beethoven é tarefa das mais ingratas. Ainda vou mostrar MUITO Beethoven cá nesta Ilha. Mas vou começar por uma das peças beethovenianas que mais me assombram: o Quarteto de cordas no. 14, op. 131. Escrito em 1826, no final da vida do compositor (por isso é classificado como um dos “quartetos tardios”), é uma de suas obras mais cerebrais, revolucionárias, complexas, emocionantes e FODAS do autor. Uma festa para o cérebro e para o coração. Pegue os lenços e me acompanhe.

Este quarteto não é estruturado do jeito clássico. Ele tem SETE movimentos, todos encadeados (tocados sem interrupção), sendo o primeiro uma enorme fuga, o segundo uma forma-sonata compacta, o terceiro um recitativo que serve de introdução ao quarto movimento, um gigantesco conjunto de tema e variações. O quinto é uma espécie de scherzo contrastante com o maravilhoso sexto movimento, lenta e tocante introdução ao vigoroso e até violento finale. Fim, muitas emoções e esperança renovada na Humanidade – sim, apesar de tudo, a aventura humana está valendo a pena.

Em 40 minutos, todo tipo de música e de sentimento. Não adianta. Esse tipo de experiência só a música clássica pode trazer a você.

Abaixo, um vídeo que dá uma noção formal do quarteto, através de um interessante gráfico colorido. A interpretação, famosa, é do Quarteto Lindsay. (Na verdade, não é das minhas favoritas, mas a análise gráfica compensa.) Respire fundo e APROVEITE!

Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 11/09/2012. Link permanente.