Berwald

Sinfonia no. 3, “Sinfonie singulière”

por Adriano Brandão

Não são raros os casos de artistas totalmente esquecidos durante suas vidas e que alcançam certo status “cult” décadas ou mesmo séculos depois.

Apresento-lhes o sueco Franz Berwald. Personalidade curiosíssima, sobreviveu tanto a Schubert quanto a Mendelssohn e Schumann, seus contemporâneos, sem nunca ser plenamente bem-sucedido em viver de sua música. Aliás, várias vezes ele teve de empreender em áreas bem distantes, com sucesso bem maior: ortopedia, fisioterapia, vidraçaria…

Compôs quatro sinfonias, todas com subtítulos em francês. Apenas a Primeira, dita “Sérieuse”, foi executada em sua vida. Nunca ouviu as demais. Quando já estava bem velhinho, obteve o primeiro sucesso: sua ópera “Estrella de Soria” foi montada e bem recebida. O governo sueco reconheceu seus esforços, deu-lhe uma medalha, o indicou para o Conservatório de Estocolmo e… Berwald morreu. :-/

A posteridade foi-lhe muito mais receptiva. No século 20, principalmente, suas inusitadas e originais sinfonias foram redescobertas e enfim executadas, gravadas e aplaudidas. Hoje Berwald é reconhecido como o principal compositor sueco.

Pense em um Mendelssohn cheio de arestas: bizarrices, repetições esquisitas, trechos semi-estáticos, melodias estranhas, harmonias pontiagudas… Esse é o estilo de Berwald. Sua sinfonia mais representativa é a Terceira, a “Singulière”. O mais bacana dessa obra, de 1845, é o “encapsulamento” do scherzo DENTRO do movimento lento. Fora o finale de um vigor realmente impressionante, que chega até a lembrar Brahms ou Bruckner.

Vale conhecer. É divertido pacas. Nosso amigo ortopedista, fisioterapeuta e vidraceiro sabia compor sinfonias interessantes :)

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Post escrito por Adriano Brandão em 04/10/2012. Link permanente.