Brahms

Variações sobre um tema de Haydn

por Adriano Brandão

Já comentei que variações são uma das minhas formas favoritas. Nada mais justo do que comentarmos bastante sobre elas, em CINCO episódios somente sobre esse assunto. Bem-vindos a “Vareia!”, a nova série da Ilha Quadrada! \o/

Apesar de ser um recurso de desenvolvimento musical muito antigo, variações como peças independentes de concerto são um fenômeno bastante recente, da segunda metade do século 19.

Ei? E as Variações Goldberg de Bach, ou as Diabelli de Beethoven, só para falar das mais famosas? OK, mas me refiro especialmente a obras orquestrais. Calma lá! Chopin compôs suas Variações sobre “La ci darem la mano” para piano e orquestra já em 1827. Concordo! Só que decidi, muito arbitrariamente, focar apenas em variações puramente sinfônicas. Lidem com isso ;-)

Daí temos que pular para 1873, o ano em que Johannes Brahms resolveu pegar um tema meio bobinho, falsamente atribuído a Haydn, e compor uma série de variações sobre ele. Escreveu para dois pianos, inicialmente, mas viu que era bom e partiu para orquestrá-las. O resultado está aí: as Variações sobre um tema de Haydn, o primeiro e mais célebre conjunto de variações orquestrais da história.

E QUE MÚSICA, meus amigos! O tema, dito “Coral de Santo Antônio” e de autoria desconhecida, é simplório, mas a música que Brahms cria a partir dela é de outro planeta. Muitas vezes até nos esquecemos do motivo original. Como Bach ou Beethoven, e diferentemente de quase todo mundo, Brahms vai até o coração oculto do tema e cria um mundo absolutamente novo em torno dele.

Após a introdução que mostra o motivo “de Haydn”, seguem-se 8 variações (cada vez mais distantes do tema) e um finale solene (que retorna a ele, em trecho de rico contraponto). A ordem geral das variações se assemelha mais ou menos à de uma sinfonia: rápido, lento, moderado e rápido.

A obra foi incrivelmente influente. Diversos compositores posteriores se sentiram estimulados por esse exemplo e compuseram conjuntos de variações sinfônicas de vida independente. Mas Brahms jamais retornou ao gênero que ele mesmo inventou. E a gente aqui, chupando dedo…

[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=34VTVeRyNSs ” playlist=”Qyyd4jPumRQ”]
Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 10/12/2012. Link permanente.