Chausson

Quarteto para piano e cordas

por Adriano Brandão

FODA FODA FODA FODA FODA!

Estou mega empolgado porque hoje é sexta-feira e vamos falar do ultrahiperinacreditável Quarteto para piano e cordas de Ernest Chausson! \o/

Essa obra absurdamente linda, composta em 1897, é virtualmente desconhecida. Mas por quê? Se essa não é a maior injustiça da história da música, não sei qual poderia ser. Aliás, dá pra dizer que Chausson, de maneira geral, é um grande injustiçado. Franck e Saint-Saëns são os compositores franceses (ÊPA, belgian detected) mais célebres da segunda metade do século 19. Mas, ouso dizer, Chausson é meu favorito, de longe.

Esse camarada, que morreu a mais estúpida das mortes (bateu a bicicleta no muro, literalmente, aos 44 anos), compôs pouco: trinta e poucas obras, todas da mais alta qualidade. Tem a linda Sinfonia em si bemol maior, o “Poema” para violino e orquestra, o ciclo de canções “Poema do amor e do mar” e, principalmente, obras de câmara de uma beleza inalcançada pelos seus conterrâneos. Chausson é, nesse sentido, o Brahms francês!

E em outros sentidos também! Er, não a grande barba. Mas o gosto pela música de câmara, a inspiração minuciosamente apurada e trabalhada, o esmero estrutural, a intensidade romântica super WHITE HOT MY HEART IS BURNING IN FLAMES – tudo isso faz de Chausson um par muito digno (e meio tardio) de Brahms.

O legal é que o estilo de Chausson une esse brahmsianismo sem disfarces a uma harmonia quase debussista, em tudo anunciadora da música francesa do século 20, e aos tiques formais de Franck – a.k.a. “forma cíclica”.

Este quarteto demonstra tudo isso. Um equilibradíssimo primeiro movimento, um scherzo que não é scherzo (na perfeita tradição brahmsiana de intermezzo moderado), um finale muito dinâmico que repete temas de movimentos anteriores. No centro da obra…

… não, no centro da obra, não. No CENTRO DA VIDA, no CENTRO DA EXISTÊNCIA, no CENTRO DE TUDO QUE HÁ DE MAIS IMPORTANTE NO UNIVERSO, está o inigualável movimento lento, a página mais comovente da música francesa de todos os tempos, segundo eu mesmo.

Pega lá os lenços. Vai por mim. É melhor se precaver. Se estiver lendo esta página no trabalho, dane-se: pode chorar mesmo, lave a alma, e se alguém reparar diga simplesmente: “foi o Quarteto para piano e cordas de Chausson”.

Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 14/03/2014. Link permanente.