Dukas

Sinfonia em dó maior

por Adriano Brandão

Último capítulo de nossa série “História e glória da sinfonia romântica francesa, de Gounod a Dukas (ou) O incrível caso das sinfonias gêmeas”!

Últimos capítulos sempre são aguardados com ansiedade – afinal todos queremos ver casamentos, redenções e vilões sendo castigados, não é mesmo? ;-)

Nosso último capítulo não é estrelado por Tufão ou por Carminha, mas por Paul Dukas, um super compositor francês que não morreu cedo mas que ficou estigmatizado como compositor de uma obra só: o maravilhoso poema sinfônico “O aprendiz de feiticeiro” (há! esse mesmo, o do Mickey Mouse!).

Não, gente, Dukas compôs outras obras que merecem nossa atenção também. Uma é sem dúvida o balé “La Péri”. E outra é a sua única sinfonia, a Sinfonia em dó maior, de 1895, que fecha não somente nosso ciclo como também o próprio sinfonismo romântico francês.

Lembram-se de Chausson? Se a sinfonia de Chausson é a Sinfonia no. 2 de Franck, a de Dukas é a Sinfonia no. 3. Mas isso não é nenhum demérito! As duas obras são realmente GÊMEAS da sinfonia de Franck, mas têm encantos especiais e características próprias.

OK, a Sinfonia de Dukas cabe no mesmo molde de três movimentos e sua linguagem harmônica é similar à das irmãs – vários temas parecem sair diretamente da Sinfonia de Franck. Mas é fácil notar que a expressão de Dukas é bastante diferente. Enquanto Chausson e Franck são mais extáticos e se doam facilmente à reflexão, Dukas é mais dramático e agitado, com gosto especial por contrastes.

O primeiro movimento, muito vigoroso, demonstra bem a personalidade de Dukas. O segundo é idílico, com diversas passagens de uma profundidade deveras bruckneriana. O terceiro começa com força, direto ao assunto, e lembra por vezes Dvorák ou Wagner. A obra termina de maneira marcante, mas convencional.

Se não é a obra-prima definidora que é a Sinfonia de Franck, ou mesmo a peça adorável de Chausson, a criação de Dukas é interessante, um digno finale para nossa saga sinfônica romântica francesa. A partir de Dukas, o sinfonismo da França tomaria outros rumos – se tornaria moderno, com Roussel e Milhaud. Mas esse é assunto para outra série ;-)

Valeu! Segunda-feira que vem começa outra novela cá nesta Ilha. Ela se passará na Turquia e… não, mentira! :-P

Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 30/10/2012. Link permanente.