Henze

Concerto para piano no. 2

por Adriano Brandão

É sempre estranho quando um compositor contemporâneo consagrado morre. Para nós, ouvintes, tais nomes são eternos. Não deveriam morrer nunca. Mas…

Hoje faleceu o compositor alemão Hans Werner Henze. Filho atípico de sua geração, não seguiu fielmente o trend da época – tinha temperamento muito mais romântico do que matemático – mas foi profundamente moderno a seu modo. Utilizou sim a linguagem serial/pós-tonal típica da segunda metade do século 20, só que com mais viço e frescor do que o usual.

Compôs principalmente para o teatro, e compôs muito: muitas óperas, 10 sinfonias, dezenas de peças concertantes. Preciso confessar que nunca dediquei muito tempo à obra de Henze – tenho que conhecer mais.

Escolhi para mostrar aqui seu Concerto para piano no. 2, de 1967. Bem grande, em quatro movimentos, é um raro exemplo de música serial atraente. O primeiro movimento é atmosférico e lembra Schoenberg, por exemplo. O segundo é diferente: agitado, mil vezes mais interessante em termos de cor e ritmo. O terceiro volta ao clima do início do concerto, só que muito menos estático. O concerto termina complexo, alternando passagens ferozes, caóticas, com trechos bem reflexivos. A obra deixa uma impressão duradoura: séria, substancial, mas não inacessível.

RIP, Henze. A pessoa se vai, mas a música fica.

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Post escrito por Adriano Brandão em 27/10/2012. Link permanente.