Mahler

Sinfonia no. 8, “Sinfonia dos mil”

por Adriano Brandão

1000 HABITANTES! \o/

Esta Ilha, menos de dois meses depois de sua entrada no Facebook, atingiu a marca de MIL seguidores. Estou muito feliz! OBRIGADÃO!

Para comemorar, um post especial com a maior sinfonia de Gustav Mahler, a Oitava. Além de ser a minha obra de Mahler favorita, ela, por conta dos enormes efetivos corais e orquestrais que exige, é conhecida como “Sinfonia dos mil”. Hein? Hein? Sacaram? ;-)

Vamos contar: grande orquestra sinfônica, com madeiras aumentadas (com piccolos, clarones, contrafagotes), muitos metais (com uma seção de trompetes extra), vasta percussão (incluindo sinos e glockenspiel), harpas, celesta, piano, harmônio, bandolins e órgão. Dois coros mistos. Um coro infantil. Oito solistas vocais. Hmm, soma aqui, põe ali, noves fora… pronto: mil pessoas. Conta digna do Túlio Maravilha :-D

Exatidão matemática à parte, a obra ficou célebre pela monumentalidade de execução. Sua estreia, em 1910, foi um grande acontecimento. Foram à Munique ouvintes e músicos de toda a parte da Europa. Quando a obra de 85 minutos acabou, a plateia aplaudiu loucamente por quase meia hora – o maior triunfo que Mahler, como compositor, já tinha experimentado. Morreu alguns meses depois.

É surpreendente saber que uma obra de tamanha envergadura foi composta muito rapidamente, em poucos meses. E não nos referimos somente ao tamanho da orquestra ou à duração da obra. Seu background filosófico e artístico também é imenso. A sinfonia, ao invés de adotar a forma tradicional em quatro movimentos, é dividida em duas partes. A primeira, é o hino latino “Veni creator spiritus”. A segunda, uma verdadeira cantata, é a cena final do Segundo Fausto, de Goethe. Tira o fôlego só de pensar.

[PERGUNTA AO AMIGO INTERNAUTA: a Oitava de Mahler é mesmo uma sinfonia? Ou seria uma super-hiper-mega-cantata? Cartas para a redação.]

O que une coisas aparentemente tão díspares? Para Mahler, a mensagem básica dos dois textos: a redenção da humanidade através do amor. E isso se reflete musicalmente. O que teria toda a chance de resultar disconexo tornou-se uma das obras mais coerentes do compositor. Todas as suas longuíssimas partes compartilham temas e motivos essenciais. Em nenhum momento o ouvinte pensa que está ouvindo outra música, em nenhum momento a forma se torna frouxa – isso apesar da grande diversidade de emoções.

A Oitava de Mahler é um verdadeiro milagre artístico, humano e musical. OBRA ESSENCIAL: escute, se possível de joelhos, e depois me diga se é ou não é um assombro :)

O vídeo, como de costume aqui na Ilha, traz Leonard Bernstein e um batalhão imenso de gente, em Viena. É sensacional!

Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 19/09/2012. Link permanente.