Mozart

Quinteto de cordas no. 4

por Adriano Brandão

Ah, Mozart e sol menor! Vamos listar? O Quarteto para piano no. 1, a Sinfonia no. 25, a Sinfonia no. 40 e a peça de hoje, o Quinteto de cordas no. 4. Só obras-primas!

Como comentei quando falamos do Quarteto para piano no. 1, foi na tonalidade de sol menor que Mozart expressou suas maiores angústias e agitações. São sempre peças escuras, dramáticas, de expressão trágica.

Este Quinteto no. 4 não foge à regra. Foi composto em 1787, e forma um parzinho com o Quinteto no. 3, completado um mês antes. Mozart compôs seis quintetos de cordas em várias épocas de sua vida. Estão entre as maiores obras de câmara de sua produção.

Os quintetos de Mozart são, como padrão, obras para quarteto de cordas acrescido de uma segunda viola. Todos eles seguem o mesmo molde sinfônico de quatro movimentos, com andamento lento e minueto servindo de recheio para dois movimentos rápidos. Os quintetos de 1787 são diferentes, porém, na ordem: Mozart coloca o minueto antes do movimento lento.

Com um minueto tão sério e sombrio como o do Quinteto no. 4, o efeito dessa mudança de ordenação é incrível: a tensão do enigmático primeiro movimento se acumula e resta ao movimento lento, um adagio de intensa melancolia, sublimar essa agitação. Essa tristeza entra inclusive no finale, de feição muito misteriosa. Ele começa com uma cavatina lentíssima, profundíssima, e evolui para uma música leve e rápida, quase dançante, que termina a obra de maneira surpreendemente positiva.

WTF? O que Mozart quis com esse finale? Poderíamos ficar anos discutindo – é realmente um assombro, um contraste incrível. Chegaram ao ponto de comparar essa evolução da obra ao clássico modelo dos “cinco estágios do luto” (aquele que começa com negação e termina em aceitação). Bom, daí já é demais.

O fato é que esse Quinteto no. 4 é uma obra absolutamente impressionante, das maiores  criações de câmara não só de Mozart, mas de todos os tempos. OUÇA! JÁ!

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Post escrito por Adriano Brandão em 28/12/2012. Link permanente.