por Adriano Brandão
Segunda-feira, você já sabe: segue a todo o vapor a nossa série, campeã de audiência, “História e glória da sinfonia romântica francesa, de Gounod a Dukas (ou) O incrível caso das sinfonias gêmeas”.
Hoje falaremos daquela que é, provavelmente, a mais popular das sinfonias francesas. Quero ver o Ibope lá encima! \o/
Nos episódios anteriores, comentamos duas obras gêmeas de 1855, a Primeira de Gounod e a Sinfonia de Bizet. Agora vamos dar um salto de 30 anos e falar de um segundo surto sinfônico francês, que se inicia em 1887, com a estreia da Sinfonia no. 3 de Camille Saint-Saëns. À obra de Saint-Saëns seguiram-se, praticamente sem intervalos, mais quatro grandes sinfonias. A febre terminaria em 1896. Depois o gênero ficaria novamente congelado em terras francesas, para ser resgatado somente nos anos 1910 e 20 por Roussel. Mas daí é papo para outra série ;-)
Se Gounod – e Bizet, seu filhote estilístico – beberam na fonte beethoveniana, via Mendelssohn, Saint-Saëns estava de olho no que fez Liszt. (Vejam só vocês: Liszt compôs uma sinfonia altamente inovadora como a “Sinfonia Fausto” em 1857, praticamente ao mesmo tempo em que Gounod brincava de recompor a Segunda de Beethoven.)
O curioso é que Saint-Saëns, ao elaborar seu projeto de nova sinfonia francesa, se baseou em Liszt, porém mais em obras como os concertos para piano do que na “Sinfonia Fausto”. Compôs uma sinfonia em quatro movimentos, encadeados dois a dois e com um tema principal que é a base de toda a obra – exatamente como o Concerto para piano no. 1 de Liszt! (Ou como o seu próprio Concerto para piano no. 4.)
Saint-Saëns notoriamente deu tudo de si para compor sua sinfonia. Acrescentou a uma orquestra já grande partes proeminentes de piano (a duas e a quatro mãos) e principalmente de órgão (que valeu à sinfonia o apelido de “Com órgão”). Usou como tema cíclico oculto o “Dies irae” medieval (sim! fica mais nítido em alguns trechos dos metais no primeiro movimento) e gerenciou muito bem todas as suas aparições e variações para obter o maior clímax possível no finale, quando sua variação “definitiva” é tocada a todo vapor pelo órgão.
E quer saber? O resultado é entusiasmente! A Terceira Sinfonia foi o maior êxito da carreira de Saint-Saëns, nunca saindo do repertório (na verdade, tornou-se imensamente famosa; seu tema virou até mesmo canção pop) e influenciando compositores posteriores.
ACHIEVEMENT UNLOCKED, caro Camille!
A saga das sinfonias românticas francesas continua na semana que vem. NÃO PERCÃO!
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Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!Post escrito por Adriano Brandão em 01/10/2012. Link permanente.