Stravinsky

“As bodas”

por Adriano Brandão

Domingo falamos do Stravinsky neoclássico que resgata o barroco italiano. Hoje vamos retroceder um pouquinho no tempo e dar uma visitada no Stravinsky pós-“Sagração” que já se despede da Rússia e de seu folclore. Está na hora de ouvirmos “As bodas”, balé para solistas vocais, coro, vasta percussão e quatro pianos, composta entre 1914 e 1921.

Duas coisas chamam a atenção na ficha acima: o longo tempo de gestação da obra – “Pulcinella” já havia até sido estreada e o compositor ainda estava sofrendo para achar a forma final de “As bodas” – e o instrumental inusitado. As duas coisas estão ligadas. Stravinsky terminou o esboço da peça em 1917, mas gastou diversos anos em busca de uma orquestração ideal. Pensou em instrumentá-la para uma orquestra sinfônica completa no estilo da “Sagração”, depois mudou para um conjunto de pianolas, harmônios e címbalos, e só depois chegou ao efetivo final.

Essa intensa pesquisa valeu a pena. O som de “As bodas” é completamente único, mágico. O conjunto imaginado por Stravinsky é uma verdadeira máquina rítmica – e isso inclui o coro! Ver a obra sendo executada é fascinante. E, claro, a música de Stravinsky, ainda mais crua e ligada à “Mãe Rússia” que em “A sagração da primavera”, é um assombro de vigor e imaginação.

AUDIÇÃO OBRIGATÓRIA! O vídeo abaixo é de uma execução em concerto da obra, feita em Londres por Valery Gergiev. O estilo de Gergiev nem sempre me agrada, mas acho sua “As bodas”, super rápida e cintilante, sensacional.

[OPINIÃO DO AMIGO INTERNAUTA: Seria “Carmina burana” de Orff uma versão pasteurizada de “As bodas”? Cartas para a Redação.]

Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 28/08/2012. Link permanente.