Wagner

“O navio fantasma”, abertura

por Adriano Brandão

Mais uma segunda, mais um capítulo de nossa série “Mágico, fantástico, lendário”. Na semana passada falamos de “O franco-atirador”. Hoje o assunto é descendente direto da seminal obra de Weber: Richard Wagner.

Wagner tinha adoração por Weber. Chegou a publicar um pungente discurso sobre ele, no qual dizia que todo alemão deveria tê-lo em mais alta estima. Faz sentido – todo aquele mundo fantástico das lendas e contos da carochinha medievais alemães, tão crucialmente importante para o romantismo germânico, está em “O franco-atirador”. Wagner iria além.

Antes disso, perambulou um pouco por outras tradições: Shakespeare e principalmente a “grand opéra” francesa, de autores como Meyerbeer e Halévy, tão refletida no enorme drama histórico “Rienzi”. Weber foi aparecer na ópera de Wagner só em 1843, em “O navio fantasma”. Pra nunca mais sair.

A historinha da opera é conhecida: o capitão do navio Holandês Voador certa vez amaldiçoou e invocou o demo. Desde então ficou condenado a vagar eternamente pelos mares, como um espectro. Pois que o capitão norueguês Daland, após forte tempestade, acabou encontrando, sem saber, o Holandês. Coisa vai, coisa vem, e por caprichos da ópera, calhou de entregar a mão de sua filha Senta ao Holandês, que assim se livraria da maldição. Deu certo! Quer dizer, quase, pois o ex-namorado de Senta, Erik, meio que estraga tudo. No final – ATENÇÃO, SPOILER -, o Holandês vai embora, desolado, e Senta, fiel até o fim, se joga no oceano.

Parece que a redenção do Holandês enfim acontece, mas apenas no pós-morte. Não é preciso ser muito especialista para ver os temas tipicamente wagnerianos já todos aqui: fidelidade, amor em vida impossível, sacrifício, redenção pelo amor.

Destaco aqui a abertura, famosíssima, que já começa quente: a baita tempestade, de estremecer a platéia. Depois, os temas do Holandês e de Senta. É fabuloso, muito teatral, e incrivelmente familiar. “O navio fantasma” é digno do melhor Wagner? Não, sem dúvida. Mas foi um interessante início de uma jornada realmente épica – das maiores da história da música.

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Post escrito por Adriano Brandão em 21/01/2013. Link permanente.