Guerra-Peixe

“Museu da Inconfidência”

por Adriano Brandão

Hoje é 7 de setembro, Dia da Pátria aqui no Brasil. É dia de ouvirmos música brasileira!

Escolhi algo ligeiramente diferente para apresentar pra vocês. Aproveito a deixa do Dia da Independência para mostrar uma obra que tem a ver com esse clima: “Museu da Inconfidência”, de Guerra-Peixe, obra de 1972.

(Claro, a obra seria mais apropriada em um 21 de abril!)

Guerra-Peixe ficou famoso por ser um dos divulgadores do método dodecafônico serial no Brasil (trazido por Koellreutter). Sua primeira fase criadora, dos anos 1940, é toda dodecafônica. Porém, nos anos 1950, voltou-se à música tonal e começou a pesquisar a música folclórica. É o que se chamou de fase nacionalista. “Museu da Inconfidência” pertence a esse estilo, que lembra muito autores como Hindemith ou Holmboe, por exemplo.

A obra retrata uma visita ao Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, e tem quatro partes, todas ligadas à Inconfidência Mineira ou ao Brasil colonial. A mais famosa é a segunda parte, “Cadeira de arruar”, que nada é mais que uma liteira, que no Brasil era usada pelos senhores brancos para serem carregados por aí por seus escravos. A música de Guerra-Peixe é zombeteira porque imagina a seguinte situação: os escravos, cientes de que seus donos não conseguem vê-los de dentro da cadeira, passam o caminho inteiro os ridicularizando. Daí o clima de circo ;-)

[Para os paulistanos que ouviram a Rádio Cultura nos anos 90, a música será bem familiar: a “Cadeira de arruar” era uma das vinhetas da emissora.]

Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 07/09/2012. Link permanente.