Vivaldi

Concerto para fagote, RV. 484

por Adriano Brandão

Já falamos de Vivaldi aqui? Não? UIA!

Antonio Vivaldi, esse napudão de Veneza, é um baita de um injustiçado. Autor de obras imensamente populares como os concertos “As quatro estações”, Vivaldi é comumente classificado como um autor menor (ou como um cara que compôs 490 vezes o mesmo concerto, como disse Stravinsky). É música acessível, que agrada imediatamente? Sem dúvida! É música cheia de truquezinhos e macetes estilísticos? Muitas vezes. Mas é também música da mais alta qualidade, incrivelmente inventiva e, principalmente, repleta de personalidade. Pá pum, direto ao assunto, com muito vigor – esse é Vivaldi.

Padre, empresário de ópera, professor. Vivaldi foi de tudo. Gosto particularmente de sua faceta como tutor de uma instituição beneficiente para moças órfãs ou abandonadas, a Ospedale della Pietà. Lá elas ganhavam abrigo e aprendiam música. Formavam uma orquestra, que Vivaldi tornou sensacional. Compôs muitos concertos para as suas meninas, entre elas verdadeiras virtuoses nos mais diferentes instrumentos. Por exemplo: 37 concertos para fagote. TRINTA E SETE! Para FAGOTE! :-o

O mais famoso desses 37 é este Concerto para fagote em mi menor, catalogado como RV. 484, provavelmente composto na década de 1730. O concerto se inicia com um tema memorável nas cordas, complementado por frases proto-minimalistas do fagote. Philip Glass avant la lettre! O segundo movimento é um andante elegíaco, solene, uma espécie de procissão lenta meio arcaizante, meio sentimental. O terceiro é furioso – começa incrível, a todo gás – e demonstra bem o lado “rústico” de Vivaldi (que, sei lá por quê, soa para mim como o mais “moderno”).

É bem legal. Ouça, ouça novamente. Ouça mais uma vez. É tão curtinho… sempre deixa aquela vontade de “quero mais”, não? ;-)

[A gravação abaixo é clássica: I Musici, o famoso grupo romano, veteraníssimo da música antiga. Vendeu discos como água. Os grupos especializados em instrumentos de época e “interpretação histórica” que vieram depois têm som muito diferente, é claro. Mas os registros do I Musici ainda são referências de musicalidade e elegância.]

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Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 06/12/2012. Link permanente.