Bach

Concerto de Brandenburgo no. 5

por Adriano Brandão

[Post escolhido pelo AMIGO INTERNAUTA :)]

Brinquedo novo é uma delícia!

Em 1719, Johann Sebastian Bach, quando ganhou um super cravo, brilhando de novo, do seu patrão, o príncipe de Köthen, sentiu-se imediatamente impelido a testá-lo e demonstrá-lo. Daí fez duas coisas inéditas: compôs um concerto grosso com cravo solista e, mais ainda, inseriu uma cadência GIGANTESCA para cravo no meio do primeiro movimento. É o que a posteridade veio a chamar de Concerto de Brandenburgo no. 5.

“Cadência” é o nome que se dá para espaço para uma improvisação virtuosística solo que surge dentro de uma obra maior como um concerto. Funciona assim: no meio da peça, a orquestra se cala, e o solista ganha espaço para improvisar e demonstrar sua habilidade.

A tradição manda o compositor não escrever cadências obrigatórias. Geralmente, ele deixa um espaço em branco – INSIRA SUA CADÊNCIA AQUI – para que o intérprete faça o que quiser, provavelmente tocar variações de bravura sobre os temas da obra. Alguns intérpretes famosos anotaram suas cadências, para que sejam posteriormente usadas por outros músicos – é o caso das célebres cadências de Kreisler para o Concerto para violino de Beethoven e de Joachim para o Concerto para violino de Brahms.

Mas toda essa história surgiu no final do período clássico e se consolidou no romantismo. Na época de Bach não existia nada disso. Na verdade, nem existia muito claramente o conceito de concerto para teclado solista: o cravo era muito mais usado como acompanhamento. Cravo solo em um concerto grosso, novidade. E ainda por cima com tamanho espaço para o cravista, sozinho, mostrar sua destreza e expressividade? Uau!

Bach era Bach, e testou seu brinquedo novo da maneira mais sensacional possível. A cadência que ele compôs é realmente impressionante, um tour-de-force incrível para o cravo. SONZERA de altíssimo nível, para deixar guitarrista de heavy metal envergonhado.

Chega de falar – agora é hora de escutar Bach. O vídeo abaixo faz parte da recente e superba série dos Brandenburgos de Claudio Abbado (com caras como o violinista Giuliano Carmignola e o cravista Ottavio Dantone, que arrebentam!).

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Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 21/09/2012. Link permanente.