Haydn

Sinfonia no. 103, “Toque do tímpano”

por Adriano Brandão

Beethoven escreveu 9 sinfonias. Desde então esse número tornou-se um Everest simbólico a povoar o imaginário dos compositores. Mahler tinha tanto medo de escrever sua Nona que evitou dar o nome “sinfonia” à “Canção da terra” (provavelmente tão ou mais sinfônica que a Oitava). Além de Mahler, Bruckner, Schubert e Dvorák, cada um à sua maneira, “respeitaram” esse número.

Beethoven escreveu 9 sinfonias, todas muito diferentes entre si. Principalmente após a “Eroica”, compor sinfonias tornou-se um enorme fardo. Toda sinfonia tinha que ser mais original, mais monumental, mais importante que a antecessora. Brahms chegou a reclamar do peso que Beethoven havia dado ao gênero, e demorou mais de 40 anos para completar a sua Primeira. Muitos compositores só escreveram uma sinfonia, e geralmente quando maduros.

Isso não durou para sempre. O século 20 iria tornar a criação sinfônica mais leve, com autores como Shostakovich, dono de 15 sinfonias, e Milhaud e Villa-Lobos, com 12. (Há casos extremos, como do britânico Havergal Brian e suas 32 sinfonias, e do americano Alan Hovhaness, que compôs 67!)

E antes de Beethoven também era bem diferente. Mozart compôs 41 sinfonias numeradas e o grande definidor do gênero, Franz Joseph Haydn, compôs 104. É isso mesmo: CENTO E QUATRO SINFONIAS!

Mas como? Haja imaginação! Pois então, livre das amarras de originalidade que o romantismo iria criar, Haydn compunha sinfonias naturalmente, sem tanta necessidade de criar uma obra arrasadora após a outra. E simplesmente fez música da maior qualidade. “Simplesmente”? São cento e quatro lindas sinfonias! O cara era MUITO FODA!

Haydn compôs tanto que costuma-se dividir suas sinfonias em blocos. Há as sinfonias “Paris”, as sinfonias “Sturm und drang” e assim por diante. O bloco mais famoso é o último, das 12 sinfonias “londrinas”, compostas para duas séries de concertos que Haydn fez em Londres em 1791 e 1795.

Escolhi para mostrar para vocês a minha sinfonia de Haydn predileta (não, não conheço todas!): a 103, dita “Toque do tímpano”. Ela tem esse apelido por que… bem, escutem e vocês vão perceber! :) A música é incrível, eletrizante do início ao fim. Se existisse um compositor hoje que, para uma turnê, compusesse DOZE obras assim tão geniais, eu juro que tatuaria o nome dele na minha testa.

Pensando bem, melhor não :)

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Post escrito por Adriano Brandão em 22/09/2012. Link permanente.