Beethoven

Sinfonia no. 3, “Eroica”

por Adriano Brandão

[Este post foi trazido a você pelo AMIGO INTERNAUTA ;-)]

Se Haydn foi o pai da sinfonia, Beethoven é o pai da sinfonia moderna. E tudo começou aqui, nesta “Eroica”, a Sinfonia no. 3.

Peraí, tudo começou na Terceira? Sim. As duas primeiras sinfonias de Beethoven ainda são música do século 18, totalmente ligadas ao modelo haydniano. Já a Terceira é outra história. Ao incorporar à obra todo um peso extramusical e ao modificar a estrutura da sinfonia para que ela se adapte à mensagem que o compositor queria passar, Beethoven dá um inédito salto à frente.

A obra é de 1804. Dois anos antes, Beethoven tomaria uma decisão que mudaria a história (não só da música): não se matar. Beethoven estava ficando cada vez mais surdo e foi aconselhado por médicos a passar um tempo no campo, em um cidadezinha perto de Viena chamada Heiligenstadt. Lá, tomado pelo desespero, cogitou o suicídio. Mas mudou de ideia: decidiu viver, mesmo em sofrimento, para fazer sua arte e deixá-la não a seus contemporâneos, mas para a posteridade.

Escreveu isso em uma carta aos irmãos, que nunca enviou. Descoberta em 1827, a carta tornaria-se célebre como o “Testamento de Heiligenstadt”. Acho que é a maior profissão de fé jamais escrita. É provavelmente a primeira vez que um artista dedica claramente os seus esforços A TODA A HUMANIDADE, não a algum deus, ao público ou a um mecenas. Além disso, Beethoven planejou conscientemente sua obra para o futuro – um LEGADO.

O “Testamento de Heiligenstadt” posto em música é a “Eroica”. Muita tinta e kilobytes já foram usados para contar a história da dedicatória a Napoleão etc etc. Isso pouco importa – o herói da “Eroica” é Beethoven, em particular, e o ser humano, no geral. O relevante mesmo é testemunhar a criação de uma obra monumental, profundamente original e que inauguraria o Romantismo musical. O primeiro movimento, tão ou mais longo que várias das sinfonias de Haydn, tem tantas novidades que é até difícil listar aqui. O segundo é uma marcha fúnebre, com inúmeras mudanças emocionais. O terceiro é um scherzo, muito pouco parecido com os minuetos das sinfonias setecentistas. E o quarto, incrível, é um tema e variações, com fuga final.

Os contemporâneos pensaram: WTF? Isso é uma sinfonia? 55 minutos? No que Beethoven estava pensando?

Em nós, caríssimos. Beethoven pensava em nós. Obrigado, Ludwig!

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Post escrito por Adriano Brandão em 28/09/2012. Link permanente.