Dvorák

Sinfonia no. 8

por Adriano Brandão

Sinfonia de Dvorák!

Aposto que você pensou na Nona Sinfonia, a celebérrima “Do novo mundo”. É, sem dúvida, sua sinfonia mais famosa, uma obra belíssima, muito marcante pela mescla que faz dos estilos boêmio e americano.

Mas o papo hoje é outro: vamos ouvir a Oitava Sinfonia, uma obra absolutamente maravilhosa, composta alguns anos antes, em 1889, quando Dvorák ainda não havia se mudado para os Estados Unidos. Que música FODA, meus amigos! E relativamente pouco conhecida. E daí podemos botar toda a culpa na Nona – sua fama é justa, muito justa, justíssima, mas teve o efeito colateral de eclipsar as incríveis sinfonias anteriores.

Vamos reparar a injustiça, pois! Ao contrário da Nona, cheia de novidades estilísticas, e da Sétima, densa e dramática, a Oitava é a mais plenamente dvorakiana de suas sinfonias. O allegro inicial começa de cara com um tema bonito de arrancar os cabelos e continua com música meio pastoral, plena de sol e calor (mas com o obrigatório momento de tensão no desenvolvimento, claro, com o tema principal recapitulado em alta voltagem! it’s Dvorák! it’s glorious! it’s great!).

O segundo movimento não é tão lento, nem tão sombrio. É calmo, plácido, com vários momentos de certa agitação, (quase) sempre no clima alegre e otimista da sinfonia. Vich, o que é esse solo de violino? O terceiro movimento – surpresa! É uma valsa! Delicada, muito bela, meio lenta, com um trio não-contrastante. Ao evitar o scherzo em estilo beethoveniano (que se transformou no furiant tcheco em ocasiões anteriores), Dvorák aqui adere ao modelo brahmsiano de terceiro movimento moderado, ao estilo de intermezzo. Funciona maravilhosamente.

O finale é assombroso. É um tema com variações de sabor arcaizante e estranhamente moderno. Metais, tímpanos, muita mudança de clima e uma doideira geral que só encontro similar no finale da Sexta de Nielsen. É demais, e quando termina… bom, quando termina dá vontade de ouvir tudo de novo…!

[O vídeo abaixo, de Karajan em Viena, é maravilhoso musicalmente, mas traz aquela claustrofobia típica de seus filmes. Herr Dirigent gostava de retratar suas orquestras como balaios de gente amontoada? Vai entender.]

Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 20/11/2012. Link permanente.