Gounod

Sinfonia no. 1

por Adriano Brandão

Alô, comunidade!

Esta e as próximas segundas-feiras serão dedicadas a uma nova série aqui da Ilha. Atenção para o nome pomposo: “História e glória da sinfonia romântica francesa, de Gounod a Dukas (ou) O incrível caso das sinfonias gêmeas”. Unidos da Ilha Quadrada… 10! \o/

Acho a evolução da música sinfônica francesa pós-Berlioz muito curiosa. O romantismo francês nunca foi muito afeito à forma sinfônica, por dois motivos. O primeiro: o destaque realmente grande dado à ópera. Na Paris do século 19, tudo acontecia no teatro. O segundo: a sinfonia era um gênero alemão e conservador por excelência. Nada mais anti-convencionais do que as realizações de Berlioz no gênero – da “Sinfonia fantástica” à Sinfonia “Romeu e Julieta”, passando por “Haroldo na Itália” e pela “Sinfonia fúnebre e triunfal”, tudo de Berlioz explode com a herança beethoveniana.

A obra que inicia nosso panorama – a Sinfonia no. 1 de Charles Gounod, composta em 1855, tem um background totalmente diferente de Berlioz. Sem saber, Gounod promove aqui um “What if” musical: o que aconteceria se Beethoven tivesse realmente se matado em Heilingenstadt? Se não tivesse escrito nem a “Eroica”? É muito engraçado: 53 anos após a composição da Segunda de Beethoven, Gounod escreve uma sinfonia no mesmo espírito, como se tivesse se passado, digamos, alguns meses.

Obviamente o resultado é divertido, gostoso de ouvir e esquisitamente anacrônico. Lembra Beethoven, lembra Mendelssohn, lembra Schubert, guarda algumas surpresas schumannianas, enfim: lembra qualquer coisa menos uma sinfonia francesa de 1855. Ou o Gounod do “Fausto”, ou da “Missa solene de Santa Cecília”.

O mais esquisito é que existiu um legado da Primeira de Gounod: ela foi uma obra influente em seu tempo. Mas isso é um papo para a próxima segunda-feira. Curta a audição… e até mais :)

Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 17/09/2012. Link permanente.