por Adriano Brandão
Uma das conquistas mais importantes da atualidade é a possibilidade de protestar. Parece trivial, mas não é: reunir-se e ir às ruas reivindicar algo é direito recente. Antes, na época das aristocracias ou das ditaduras, quem protestava era tratado à bala ou à baioneta.
Foi num protesto em 1º de outubro de 1905 que um operário, que estava na multidão que reivindicava a criação de uma universidade tcheca em Brno, Morávia, foi assassinado por policiais. Lembremos que a região da atual República Tcheca era então parte do Império Austro-Húngaro, e que o nacionalismo tcheco era combatido pelo poder central.
O compositor Léos Janácek, que morava em Brno, ficou chocado pela brutalidade da repressão e compôs uma sonata para piano para homenagear o operário morto. Chamada de Sonata “1.X.1905”, a obra teve gênese complicada. Após a estreia, Janácek não gostou do último movimento dos três movimentos da sonata e o eliminou. Depois, renegou a obra toda, que só seria publicada 18 anos depois, em versão definitiva de somente dois movimentos.
As duas partes da sonata são entituladas “Pressentimento” e “Morte” e representam muito bem o estilo picotado, anguloso, de Janácek, um dos autores mais originais do século 20. A obra, principalmente em seu maravilhoso primeiro movimento, transpira revolta e emoção pelo acontecimento. É uma das criações mais conhecidas do compositor tcheco e um dos melhores exemplos de manifestação política em música.
Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!Post escrito por Adriano Brandão em 18/09/2012. Link permanente.