Martinu

Sonata para violino no. 3

por Adriano Brandão

Agora vocês vão ter que me dar um desconto – este post será pura empolgação! É que vou escrever sobre uma das minhas obras de câmara favoritas, a terceira Sonata para violino do tcheco Bohuslav Martinu! Olha só a responsabilidade: em um ambiente dominado por carinhas como Beethoven, Schubert, Brahms… falar de Martinu? Sim!

Martinu é um dos grandes esquecidos do século 20, e volta e meia irei incomodar vocês com sua incrível música. Seu estilo é único, mas também bastante variado. Começou a carreira na França, como um modernista da cepa de um Milhaud ou um Poulenc. Depois se encontrou no neoclassicismo stravinskiano. Terminou a vida com uma linguagem só dele, que por falta de melhor termo chama-se de “impressionista”. Todas essas fases são repletas de obras encantadoras.

Em 1941, durante a guerra, Martinu migrou para os Estados Unidos. Lá, por algum motivo, seu estilo neoclássico mudou. Ficou menos seco, ganhou um fôlego narrativo maior, frequentemente em busca de uma expressão mais épica. Estava se aproximando dos românticos – eu chamo essa fase de “estilo Grand Brahms”. De fato, suas quatro primeiras sinfonias foram compostas nos EUA e são exemplos perfeitos de sua nova linguagem.

O “estilo Grand Brahms” era essencialmente sinfônico mas, claro, tinha que abranger música de câmera também. Suas grandes obras camerísticas dessa fase são o maravilhoso Quinteto para piano e cordas no. 2, a triste e curiosa Fantasia para theremin, oboé, cordas e piano (sim, theremin, o instrumento eletroacústico!) e, naturalmente, esta Sonata para violino no. 3 – o melhor Martinu americano, IMHO.

A sonata foi composta em 1944, em Nova York. Martinu usualmente adota o modelo de três movimentos, mesmo em suas sinfonias, mas aqui ele estrutura de bom grado sua peça em quatro partes. Faz muito sentido, já que é a presença do scherzo que proporciona a oportunidade de abrir o finale com uma introdução lenta que contém, provavelmente, a música mais inspirada da sonata. É de matar cardíaco!

A obra inteira é exame do coração: o dinâmico primeiro movimento, o lindíssimo adagio, o épico trio do scherzo… e o ponto culminante, a introdução lenta do finale. Lindo, lindo, lindo, monumental.

Não, não podemos nos esquecer de Martinu, muito menos da Sonata no. 3, esta obra-prima. OUÇA, ESPALHE, EVANGELIZE, FAÇA SUA PARTE! O mundo agradece :)

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Post escrito por Adriano Brandão em 07/03/2014. Link permanente.