Schnittke

Concerto grosso no. 2

por Adriano Brandão

Etapa final de nosso especial dos Anos 80. Agora vamos pular do sério Adams para o cômico e galhofento Schnittke.

Hein? Schnittke cômico? Pois é. Já apresentamos nesta Ilha o seu Concerto grosso no. 1, obra bastante pesada, repleta de fantasmas psicológicos. Nada cômico.

Mas hoje vamos mostrar o poliestilismo de Alfred Schnittke em seu modo mais extrovertido: o seu Concerto grosso no. 2. Composto em 1982 para o casal de músicos Oleg Kagan (violino) e Natalie Gutman (violoncelo), este segundo concerto se apropria do que há de mais maluco e nonsense do primeiro, sem o lado sombrio e profundo que o caracterizava.

A obra é para violino e violoncelo solistas, acompanhados por uma orquestra bem maior do Concerto no. 1, incluindo até mesmo guitarra elétrica e bateria. O motivo básico da peça é a canção “Noite feliz”, que é introduzida pelos solistas logo no início. Depois ela é confrontada e distorcida por livres citações de Bach, Handel, rock, bandas marciais e todo tipo de maluquice que você imaginar. Não, não, não é uma coisa em seguida da outra. É TUDO AO MESMO TEMPO.

O Concerto grosso no. 2 é o ponto culminante do poliestilismo. OK, podemos pensar na Primeira Sinfonia de Schnittke, bem anterior (1974), como o ápice dessa técnica de colagem. Mas colagem é poliestilismo? O que Schnittke opera aqui neste concerto, a justaposição de música moderna, atonalismo, rock, kitsch e música barroca, tudo ao mesmo tempo massacrando a pobre “Noite feliz”, é algo muito além da nossa pobre imaginação :)

Vista seu All Star, amarre a faixa no cabelo, acomode a pochete na cintura e entre de corpo e alma nessa doideira. Você não vai se arrepender.

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Dos mesmos diretores de Ilha Quadrada, eis o Concertmaster, um front-end que transforma o Spotify em um poderoso player de música clássica. GRÁTIS!

Post escrito por Adriano Brandão em 14/09/2012. Link permanente.