por Adriano Brandão
E seguimos todos variando aqui na Ilha Quadrada :) Hoje é dia do segundo capítulo de nossa série “Vareia!”, que está apresentando um panorama rápido dos conjuntos de variações orquestrais, começando pelo começo: as Variações sobre um tema de Haydn, de Brahms. Seguimos pertinho, com um autor muito próximo: Dvorák.
O quanto as Variações de Dvorák devem às Variações de Brahms? Um bocado, mas creio que menos do que imaginamos. Claro que a linguagem dvorakiana nunca se afasta muito de Brahms, e é fácil classificar alguns trechos – como o que ouvimos por volta dos 13 minutos do vídeo abaixo – como próximos às Variações Haydn. Mas o ponto crucial é que o estilo de desenvolvimento temático de Dvorák é muito diferente.
Ao contrário do conjunto de Brahms, as Variações sinfônicas começam e permanecem muito próximo do tema original por bastante tempo. Somente na segunda metade da obra é que o motivo original começa a ficar menos visível – mesmo assim, ainda sempre identificável. Brahms vai muito mais a fundo, extrai muito mais do tema que está trabalhando, desde o início.
Após 27 variações, a obra termina com uma fuga pra lá de interessante e um epílogo vibrante, com alguns toques folclóricos e todo o colorido orquestral que esperamos de Dvorák. Não à toa a peça fez tanto sucesso quando o regente Hans Richter a apresentou Europa afora, dez anos depois de sua composição.
Como sempre em Dvorák, são de babar a beleza incrível das melodias e a rica inventividade dos acompanhamentos. É uma delícia, com um monte de momentos de puro deleite dvorakiano. Tudo que esse camarada escreveu gera uma satisfação quase física, quase tátil – não me canso de ouvir sua música!
Então, dê uma variada em seu repertório e delicie-se com as Variações sinfônicas de Dvorák. Se gostar, curta. Se não gostar… ah, você vai gostar com certeza! ;-)
Post escrito por Adriano Brandão em 17/12/2012. Link permanente.