Berlioz

“Sinfonia fantástica”

por Adriano Brandão

SEXO, DROGAS E… música clássica?

Sim! Essa é a história da “Sinfonia fantástica” de Hector Berlioz, obra de 1830. O rock’n’roll só seria criado uns 120 anos depois, olha só ;-)

O mais legal é que o enredo que a “Fantástica” conta é escancaradamente autobiográfico, como se fosse um Kerouac do século 19. A história é conhecida: Berlioz se apaixonou pela atriz irlandesa Harriet Smithson ao vê-la representar “Hamlet”. Mandou inúmeras cartas a ela, nunca respondidas. Doente de amor – pobre Hector -, escreveu esta sinfonia para lidar com a rejeição. E tem uma vingancinha nesta história, veremos.

Seguindo o modelo da “Pastoral” de Beethoven, Berlioz criou uma sinfonia programática em cinco movimentos. Todos são ligados por um tema que descreve Smithson, chamado por Berlioz de “ideia fixa” (interprete a escolha de palavras como quiser). O primeiro movimento representa os devaneios amorosos do autor-personagem. O segundo representa um baile em que o apaixonado persegue, sem sucesso, sua musa. O terceiro representa a fuga do personagem, que tenta esfriar sua cabeça passando um tempo no campo.

Entre uma ovelha e outra, entre um pastor e outro, o autor-personagem resolve dar um TAPA NA PANTERA. É, isso mesmo! Ele pega um punhado de ópio e dá uma desbaratinada. E a viagem começa…

… o tempo fecha e, no delírio, o apaixonado personagem mata a sua amada! É o ódio da rejeição. A história romântica se torna uma notícia policial, com perseguição e tudo. E essa fantasmagórica polícia captura nosso herói, que é executado, com direito a guilhotina.

Paz? Nada! O já defunto personagem-autor se vê estirado num caixão, rodeado de bruxas. Qual a líder das feiticeiras? Sim, ela, a amada, a “ideia fixa”. BWAHAHAHA! Entre o sabá das bruxas e os padres que tentam salvar sua alma, a “Fantástica” termina em incrível caos psicodélico. DORGAS, MANOLO!

Sacaram a vingança safada de Berlioz? De musa a bruxa, Smithson acabou se casando, na vida real, com o compositor. Foi uma união bastante infeliz, na verdade. Para a posteridade, restou uma das grandes obras-primas do Romantismo – e uma das mais revolucionárias peças musicais de todos os tempos.

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Post escrito por Adriano Brandão em 03/09/2012. Link permanente.