Mozart escreveu 36 sonatas para violino e piano. É um número bastante alto, mas precisamos relevar: as 16 primeiras foram obras de infância, compostas quando ele tinha menos de 10 anos de idade.
DEZ ANOS DE IDADE!
Deixa eu lembrar… bem, com dez aninhos eu tinha acabado de saber que música clássica existia, ouvindo as primeiras obras. O máximo que eu sabia fazer era ir à escola, responder provas e usar o computador. Mozart, com essa mesma idade, já tinha composto DEZESSEIS SONATAS PARA VIOLINO. Ah, vá se catar.
Das dez sonatas maturas para violino de Mozart, a minha predileta é uma das primeiras, a de no. 21. Foi escrita em 1778 (Mozart estava com 22 anos, portanto), durante uma estada em Paris. Sua mãe havia acabado de falecer, e isso talvez explique a seriedade e tragicidade de expressão – mi menor! – que caracteriza tão fortemente a obra.
Outro traço fundamental desta sonata é a concisão da forma. São apenas dois movimentos, ao invés dos três costumeiros. O primeiro é uma forma-sonata direta e intensa, de um patetismo meio raro em Mozart. Que música maravilhosa! O segundo é uma mistura absolutamente genial de movimento lento e finale, moldado como um minueto que oscila entre um trecho de doída melancolia e seções intermediárias mais agitadas.
Depois de tanta tristeza contida, o gesto final é justamente o de um grito, de um desabafo violento. Olha, é de partir o coração. Mas é maravilhoso.
O vídeo abaixo, sensacional, traz a obra interpretada pelos irmãos Shaham: Gil, violino, e Orli, piano.
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