Segunda-feira pós-feriadão. Nessas horas, quem poderá nos salvar? Os Caça-Fantasmas? Não. HANDEL!
Há muitos anos que eu uso os concertos para órgão de Handel como um bálsamo universal, uma espécie de Emplastro Brás Cubas musical. Aborrecido? Handel! Triste? Handel! Com preguiça? Handel! Muito agitado? Handel!
Nosso querido Handel compôs 15 concertos para órgão, na maioria das vezes destinados a serem tocados por ele mesmo nos intervalos de suas óperas ou oratórios. Seis deles foram publicados pouco após sua composição, como Opus 4. Outros seis foram publicados postumamente, como Opus 7. Existem mais três concertos sem número de opus.
Adoro todos os quinze, mas tenho especial predileção pelo concerto abaixo, o número 5 do Opus 7, composto para servir de interlúdio do oratório “Teodora”, em 1750. Como habitual em Handel, o concerto reutiliza bastante música já previamente composta, como trio-sonatas e mesmo outro concerto para órgão (do Opus 4 – daí não se sabe se o empréstimo foi feito pelo próprio Handel ou se pelo editor após a morte do compositor).
Este concerto chama a atenção por dois motivos: pela maravilhosa passacaglia que é o segundo movimento; e pelo fato dos dois últimos movimentos não terem a presença do órgão solista.
É de botar fogo na roupa e sair correndo de tão lindo! PUTZ!
[O vídeo abaixo é antiquado mas sensacional. É um registro incrível do organista e regente Karl Richter, verdadeira lenda da interpretação barroca nos anos pré-instrumentos de época. Hoje se toca Handel desse jeito? Não. Hoje se toca Handel de um jeito MELHOR? Também não. É pesado e solene, OK; mas é incrivelmente empolgante. O amor de Richter por essa música transparece em cada segundo.]